Violência linguística
Participantes
Lara Prazeres Ribeiro Gomes
UFJF
Lara Prazeres é licenciada em Letras com foco em Literatura, pelo IFFluminense. Atualmente cursa Pós-Graduação em Linguística, pela UFJF, e Licenciatura em Teatro, também pelo IFFluminense. O olhar sobre a língua, seus sentidos e discursos é o que mais provoca interesse como pesquisadora.
Comunicação oralViolência linguística
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O DISCURSO HISTÓRICO E A DÓXA: O CASO DOS 80 TIROS
Coautora: Ana Paula Grillo El-Jaick
O artigo tem como objetivo principal realizar uma análise dos discursos que atravessam o caso dos 80 tiros – ação do Exército Brasileiro que resultou no assassinato de dois civis em 2019. O fato dividiu opiniões quando alguns grupos políticos tentaram isentar o Exército e os soldados de culpa e outros tentaram desvelar o despreparo da instituição militar, servindo, então, de exemplo para entender como fatos históricos podem ser moldados e recontados a depender dos falantes. Como base teórica, foram utilizadas as reflexões contidas em “O Rumor da Língua”, de Roland Barthes, sobre a dóxa e os discursos encrático e acrático, observando como a língua pode operar uma manutenção do poder ou uma reforma dele. Para isso, foram selecionadas manchetes, trechos de notícias e entrevistas veiculadas acerca do caso para realizar a análise linguística e identificar os significados gerados pela enunciação. Percebeu-se que há mecanismos que provocam o apagamento de ideias, tais como a esquiva discursiva; a retificação constante e incerta de números; bem como a criação de narrativas alternativas. Com isso, pretende-se examinar as disputas de poder na sociedade que utilizam da língua como arma principal para fundar a história.
Palavra-chaves: Dóxa. Discurso encrático. Discurso Acrático.
Mônica de Oliveira Pasini
Unicamp
Mônica de Oliveira Pasini
Unicamp
Possui graduação em Comunicação Social – habilitação Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria (1992). Servidora pública federal desde 1995, atuando nas áreas de comunicação social, relação institucional e educação. É educadora do INSS desde 2008, realizando ações tanto para o público interno (educação corporativa), quanto para o público externo, com o Programa de Educação Previdenciária (PEP). Participou da criação do Conselho de Previdência Social de Piracicaba em 2005, assumindo desde 2006 a função de secretária desse conselho. Especialista em Informática em Educação pela Universidade Federal de Lavras (2009). Especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014). Especialista em Educação em Direitos Humanos pelo Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba (2021). Discente no curso de Mestrado em Divulgação Científica e Cultural da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Comunicação oralViolência linguística
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OS SILÊNCIOS DE UMA ÚLTIMA CARTA: ANÁLISE DOS ÚLTIMOS ESCRITOS DE GETÚLIO VARGAS
Este estudo se propõe a compreender o funcionamento discursivo do silêncio da última carta de Getúlio Vargas, classificada pelos arquivos e estabilizada na memória coletiva, por “carta-testamento”. Traz o suporte teórico da análise de discurso, fundamentada, principalmente, por Michel Pêcheux e Eni Orlandi. No corpus, das versões manuscrita e datilografada, extraíram-se quatro recortes, nos quais foram analisadas as imprecisões, falhas, não-ditos, não-nomeados, rasuras, pressupondo a incompletude da linguagem. Nos resultados, observa-se o funcionamento discursivo de um silêncio fundante, como um continuum que produz sentido, indicando vestígios de uma incipiente ideologia neoliberal, que começava a se manifestar no Brasil dos anos 1950.
Palavra-chaves: Análise de discurso. Carta testamento. Arquivo. Silêncio.
Iara Cristina de Fátima Mola
UPM
Doutoranda em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie sob a orientação da Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros e mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem sob financiamento do CNPq e orientação da Profa. Dra. Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em Linguística Aplicada, empreendendo uma pesquisa voltada a depreender como se configura a atividade de trabalho do redator de textos técnicos, deteve-se sobretudo nos estudos enunciativos-discursivos à luz da Análise do Discurso de vertente francesa, articulando-os também àqueles oriundos da área da Ergologia a partir de Yves Schwartz. Em Letras, à luz dos preceitos teóricos da Semiótica Discursiva, atualmente se interessa pelo estudo das regularidades linguístico-discursivas nos textos enunciados por mulheres vítimas de violência doméstica.Comunicação oralViolência linguística
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ACTORIALIZAÇÃO, TEMATIZAÇÃO E FIGURATIVIZAÇÃO NO DISCURSO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS NA PERSPECTIVA DA VÍTIMA
Este trabalho tem por objetivo compreender como, no conjunto actorialização-tematização-figurativização, se configura o discurso produzido por uma mulher vítima de violência doméstica moral e psicológica sob medida protetiva. Tomando como ferramental teórico-metodológico os estudos situados no campo da Semiótica Discursiva, a pesquisa se deteve sobre o nível discursivo do percurso gerativo de sentido de um depoimento publicado numa página do Instagram. Consoante o que a análise permitiu observar em relação aos efeitos de sentido produzidos pela enunciadora no procedimento de discursivização por actorialização, o seu então marido não só a “direciona” ao longo de toda a movimentação narrada por ela: ele a “controla”, o que a leva a mobilizar o próprio querer-fazer e dever-fazer não mais em prol da manutenção da sua família, mas em prol da sua liberdade como mulher. Já em relação a como o sentido se concretiza nesse discurso, constatou-se que os seus microtemas podem ser sintetizados em dois: o da mulher que “precisa” se casar porque engravidou e o da mulher que busca por liberdade, sendo que esse percurso temático é figurativizado por meio de uma série de ocorrências que retratam o próprio ciclo pelo qual a violência doméstica se configura – desde as práticas de abuso muitas vezes socialmente relativizadas (como a agressão verbal) até aquelas que, corporificando-se, se intensificam e se constituem como formas ainda mais contumazes de violência.
Palavra-chaves: Violência doméstica. Semiótica Discursiva. Percurso gerativo de sentido. Nível discursivo. Procedimentos de discursivização.
Manoel Klebson de Andrade Oliveira
UNICAP
Doutorando e mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Bacharel em Filosofia por essa mesma instituição. Especialista em Língua, Linguística e Literatura pelas Faculdades Integradas de Patos – PB (FIP) e Licenciado em Letras pela Faculdade de Formação de Afogados da Ingazeira – PE (FAFOPAI). Atualmente, é membro do grupo de pesquisa: Núcleo de Estudos Dialógicos e Textuais (Análise Dialógica do Discurso – Pesquisador) – Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), professor celetista no Instituto de Ensino Superior de Olinda (IESO) e no Instituto Pernambucano de Ensino
Superior (IPESU).Comunicação oralViolência linguística
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DEEPFAKE E VIOLÊNCIA VERBAL NOS COMENTÁRIOS DE INTERNAUTAS NO FACEBOOK
Coautoras: Ma. Andréa Moreira G. de Albuquerque, Dr.ª Dóris de Arruda Carneiro da Cunha
O objetivo deste trabalho é analisar a violência verbal em comentários de deepfake no Facebook. Partimos da hipótese de que, diante do discurso satírico e tendencioso de uma deepfake, inicia-se um confronto violento entre os internautas no qual cada polo se posiciona axiologicamente como dono da verdade, o que reforça o cenário de descortesia e ódio presente no ambiente discursivo da política brasileira. O nosso corpus é constituído pelos comentários da publicação de uma deepfake sobre o pronunciamento do Presidente Jair Bolsonaro no dia 22 de setembro de 2020 na Organização das Nações Unidas. Produzida e publicada no perfil de Bruno Sartori, a deepfake gerou 12 mil reações, mil comentários e 9,7 mil compartilhamentos. No vídeo, o presidente Harris, personagem de um filme de comédia americana, aparece com a voz e as falas de Bolsonaro, discursando para líderes mundiais e pronuncia uma sequência de enunciados controvertidos, ditos em situações reais pelo presidente Bolsonaro em alguns momentos do seu governo. Para a análise dos comentários, mobilizamos noções de relações dialógicas, contexto, auditório e entonação da obra de Bakhtin, Medviédev e Volóchinov. A análise mostra que, no confronto entre diferentes posicionamentos valorativos, os internautas desqualificam, insultam, usam linguagem grosseira e, em disputas acirradas por suas convicções, produzem enunciados de ódio e disseminam violência na esfera comunicativa e pública das redes sociais digitais.
Palavra-chaves: Comentários. Deepfake. Redes sociais digitais. Análise Dialógica do Discurso. Violência verbal.
Manoel Sebastião Alves Filho
UFSCAR
Manoel Sebastião Alves Filho
UFSCAR
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP [Processo nº 2019/17099-6]. Pesquisa a produção de discursos sobre as relações entre os seres humanos e os animais.
Comunicação oralViolência linguística
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O DISCURSO DO ESPECISMO: OUVIR E CALAR A VOZ DOS ANIMAIS
Coautor: Carlos Piovezani
Este trabalho pretende analisar discursos mitológicos e ritualísticos que falam das relações entre animais e humanos que alguns povos de tempos e espaços distintos nos legaram através de narrativas orais ou de textos escritos, a fim de identificar a descrever uma mudança que pode ser assim descrita: a passagem de dizeres que concebem os animais como seres divinos, dotados de consciência e linguagem, a quem o homem deve reverenciar e com os quais estabelece um contrato de matança caracterizado por certos rituais, para a de dizeres que os interpretam como criaturas mortais, irracionais e mudas, a quem não se deve respeito e aos quais se mata e come sem a mesma deferência. Nossos pressupostos teóricos provêm da Análise do discurso derivada de Michel Pêcheux e de Michel Foucault, além de noções da História das sensibilidades e da História dos animais. O material de análise compreende mitos e ritos das sociedades dos Pés-negros, dos Ainos, dos Pigmeus, dos Maias, dos Juruna e da Grécia antiga. Analisaremos o material mediante um método muito conhecido na Análise do discurso, a saber: a constituição de relações entre os enunciados de cada narrativa, entre os de todas e entre elas e outros já-ditos do interdiscurso, focalizando os recursos linguísticos utilizados na elaboração dos textos desse material. As análises mostram as duas séries que sintetizamos acima e a passagem gradativa de uma à outra.
Palavra-chaves: Discursos da sensibilidade humana aos animais. Especismo. Mitologia
- Comunicação oral
Violência linguística
Resumo » Raquel Meister Ko. Freitag
PRECONCEITO LINGUÍSTICO PARA HUMANIZAR AS MÁQUINAS
A competência social nas máquinas, com a capacidade de adaptar a linguagem ao público-alvo, ainda é uma demanda a ser explorada no campo das tecnologias habilitadoras da Inteligência artificial. Como a descrição linguística do português brasileiro que vem sendo desenvolvida pela Sociolinguística no Brasil pode atender a uma demanda de aplicação prática? Neste texto, propomos um caminho para explorar como traços sociolinguísticos podem atribuir uma personalidade humana à máquina.
Palavra-chaves: Inteligência Artificial. Sociolinguística. Aprendizado de máquinas. Ética.
Mediador(a)
Cristine Severo
UFSC
Cristine Severo
UFSC
Docente da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua no Programa de Pós-Graduação em Linguística e no Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas. Tem pós-doutorado em Políticas Linguísticas (Penn State). Tem interesse em políticas linguísticas em contextos coloniais e pós-coloniais de uso da língua portuguesa. Lidera o grupo de pesquisa Políticas Linguísticas Críticas e Direitos Linguísticos. Participa do Varsul e do NUER (UFSC). É Presidente do Comitê de Políticas Públicas da Associação Brasileira de Linguística (Abralin).