Contatos linguísticos
Participantes
Aline de Sousa Resende
UFBA
Me chamo Aline de Sousa Resende, tenho 32 anos e sou de Mutuípe, Bahia.
Sou formada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Cândido Mendes – Minas Gerais. Mestra em estudos linguísticos pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Doutorando em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em variação e mudança linguística, pesquisando principalmente nos seguintes temas: sócio-história do português brasileiro; contribuição africana na formação do português brasileiro; concordância nominal e uso variável da língua.Comunicação oralContatos linguísticos
Resumo » Aline de Sousa Resende
A VARIAÇÃO DA CONCORDÂNCIA NOMINAL EM COMUNIDADES AFRO-DESCENDENTES
Esta comunicação apresenta uma pesquisa, que foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens da Universidade do Estado da Bahia, sobre a variação da concordância nominal na fala das comunidades rurais afrodescendentes Jatimane e Laran-jeiras, localizadas na Bahia. O objetivo do trabalho é observar se nessas comunidades regis-tram-se padrões morfossintáticos de concordância que são comuns em comunidades com aqui-sição de português como segunda língua (L2), com vistas a dar uma contribuição para os estu-dos da sócio história do português brasileiro. Esta pesquisa foi fundamentada nos estudos fei-tos por pesquisadores que se dedicaram ao tema da concordância nominal, tais como: Scherre (1988), Fernandes (1996), Lopes (2001) e Andrade (2003). Na comunicação, são analisadas a variável social: sexo e a variável linguísticas saliência fônica. Analisando a saliência fônica, verificou-se que essa variável poderia ser analisada de duas maneiras: com os monossílabos átonos e sem os monossílabos átonos. Diante de os monossílabos serem em maioria artigos, com plural regular, e terem posição fixa no sintagma, resolveu-se realizar duas analises para não comprometer os resultados do que se busca observar com a variável Saliência fônica. Os resultados da a análise sem os monossílabos, indicam um aumento do favorecimento da marca da concordância nominal em todos os fatores que fazem o plural com saliência fônica.
Palavra-chaves: Concordância nominal. Variação linguística. Comunidades quilombolas. Sociolinguística.
Shirley Freitas
UNILAB
Shirley Freitas
UNILAB
Professora Adjunta da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Campus dos Malês, São Francisco do Conde – BA, desde 2016. Desde 2021, é Docente Permanente do PPGLinC (Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Possui Doutorado em Letras pela Universidade de São Paulo, tendo desenvolvido uma pesquisa sobre as origens do papiamentu, língua falada, entre outros lugares, na ilha de Curaçao. Seus estudos se concentram especialmente nas línguas crioulas de base portuguesa da Alta Guiné: o kabuverdianu, o guineense e o papiamentu.
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A MIGRAÇÃO CABOVERDIANA PARA SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: CONDIÇÕES DE VIDA E PERCEPÇÕES
Coautoras: Manuele Bandeira, Ana Lívia Agostinho
Neste artigo, buscamos discutir a migração caboverdiana para São Tomé e Príncipe, focando em fatos históricos e nas condições de trabalho e de vida dos trabalhadores contratados no arquipélago. Ademais, discutimos a percepção da presença caboverdiana em São Tomé e Príncipe pelos caboverdianos e seus descendentes, e pelos santomenses (forros, angolares e principenses), enfatizando questões de segregação social, preconceito e identidade. Junto às informações coletadas a partir de pesquisa bibliográfica, apresentamos também relatos colhidos em trabalho de campo realizado na Ilha do Príncipe, em 2018, acerca das condições de vida e de trabalho dos caboverdianos no Príncipe. Foram entrevistados seis informantes residentes das antigas propriedades agrícolas Sundy e Belo Monte. Concluímos, a partir de dados históricos e das entrevistas realizadas durante o trabalho de campo, que a comunidade caboverdiana e seus descendentes reúnem, ao mesmo tempo, elementos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, tendo criado, assim, um novo espaço social e cultural.
Palavra-chaves: Caboverdianos. Trabalhadores contratados. São Tomé e Príncipe. Condições de migração. Pontos de vista sobre a migração.
Cândida Barros
Museu Emílio Goeldi.
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CARTAS DE OFERTA DE “QUARTEL” EM TUPI DE LIDERANÇAS POTIGUARA (1645)
Coautora: Ruth Monserrat
O trabalho apresenta os resultados preliminares de uma pesquisa sobre seis cartas em tupi de lideranças potiguara. Elas foram escritas em 1645 durante a guerra luso-holandesa. A hipótese da pesquisa é que os chefes militares potiguara pró-portugueses se apropriaram da forma de escrita do ato de rendição militar da guerra europeia (que chamaremos de carta de oferta de quartel), incluindo, porém, marcas discursivas próprias da oratória indígena, como o uso da interpelação através de termos de parentesco, entre outros recursos linguísticos. A transcrição paleográfica, a segmentação linguística e a tradução preliminar para o português do corpus epistolar são atividades já realizadas. Na presente versão os objetivos são inventariar no corpus potiguara o léxico do campo semântico da guerra e da rendição, as formas pronominais e os termos de parentesco. A hipótese é que por esses recursos lexicais e gramaticais em tupi se pode observar o caráter híbrido das cartas, que se aproxima da oratória tupi de chefia. No trabalho são exemplificados tais traços com trechos de uma das cartas do líder potiguara Filipe Camarão, por ser o autor menos traduzido para o português.
Palavra-chaves: Índios potiguara. Cartas. Língua tupi. Guerra luso-holandesa
Mariana Payno Gomes
USP
Mariana Payno Gomes é mestranda em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo (bolsa CNPq), com pesquisa intitulada “Os efeitos do contato linguístico com o nheengatú no português de São Gabriel da Cachoeira (AM)”. Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2014) e em Letras – Linguística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2020). Atua sobretudo nas áreas de contato linguístico, multilinguismo e linguística histórica, com especial ênfase no português brasileiro e em línguas indígenas do Brasil.
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Resumo » Mariana Payno Gomes
EFEITOS DO CONTATO LINGUÍSTICO ENTRE O PORTUGUÊS BRASILEIRO E O NHEENGATÚ EM SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (AM)
Esta pesquisa de mestrado pretende investigar os efeitos do contato linguístico entre o nheengatú, língua indígena da família Tupi-Guarani, e o português brasileiro falado na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Com base na teoria da evolução linguística, da ecologia do contato e da seleção e competição de traços desenvolvida por Mufwene (2001, 2008), a intenção é identificar mudanças nas estruturas morfossintáticas do Português L1 ou L2 falado pelos habitantes da região, bilíngues em português e nheengatú. Versão moderna da língua geral amazônica, o nheengatú foi a língua franca e majoritária da província do Amazonas até o final do século XIX, sendo amplamente utilizado por todos os membros do sistema colonial. Hoje, é restrito a algumas comunidades amazônicas – como as da região de São Gabriel da Cachoeira, no Alto do Rio Negro – e falado principalmente pelos povos Baré, Baniwa e Warekena, em substituição ou junto às suas línguas tradicionais. A atual situação de contato entre o nheengatú e o português e a ecologia multilíngue da região de São Gabriel não se dissociam da história de formação, expansão e retração da língua geral amazônica durante a colonização do Brasil – motivo pelo qual também propomos, além da análise linguística per se dos dados sincrônicos, lançar um olhar para essa história.
Palavra-chaves: Contato linguístico. Nheengatú. Línguas indígenas. Português brasileiro. Linguística histórica.
Viviane Lourenço Teixeira
UFF
Graduada em Letras – Português Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá e Português- Latim pela Universidade Federal Fluminense; Pós-graduada Lato Sensu em Docência no Ensino Superior pela Universidade Estácio de Sá; Mestre em Estudos de Linguagem – história, política e contato linguístico – pela Universidade Federal Fluminense; Doutoranda em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense. Experiência na área de Letras, com ênfase em Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: historiografia linguística, contato linguístico e ecolinguística. Premiada com a Láurea Acadêmica, no ano de 2019, honraria destinada ao corpo discente da Universidade Federal Fluminense.
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COMUNIDADES DE FALA EFÊMERAS: UMA LEITURA ECOLINGUÍSTICA DA CARTA DE CAMINHA
Coautor: Leonardo Ferreira Kaltner
O tema do presente artigo é uma leitura crítica e interpretativa da Carta de Pero Vaz de Caminha, de 1500, tendo por temática uma análise teórica do contato linguístico, por uma fundamentação a partir de dois campos interdisciplinares: a Historiografia da Linguística e a Ecolinguística. Para tal intento, valemo-nos do conceito de “comunidade de fala efêmera” (COUTO, 2016), analisando o relato do escrivão da armada de Cabral do contato entre indígenas Tupiniquins e Nicolau Coelho, experiente navegador português, que ocorreu na região de Porto Seguro, na América portuguesa quinhentista. Analisamos o contexto do pensamento linguístico da época, pelo aparato conceitual de Swiggers (2013), na atuação de línguas, os intérpretes coloniais, e como esse processo de contato linguístico se processava, empiricamente, nesse contexto histórico. Por fim, tecemos considerações e comentários para a análise do pensamento linguístico desse período histórico, em que os intérpretes conhecidos como línguas atuavam nas relações interculturais entre comunidades linguísticas diversas.
Palavra-chaves: Linguística Missionária. Historiografia Linguística. Ecolinguística. Línguas indígenas. Língua portuguesa.
Mediador(a)
Silvana Silva de Farias Araujo
UEFS
É Professora Titular de Língua Portuguesa do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), atuando em cursos de Graduação e de Pós-Graduação. É Doutora em Língua e Cultura e Mestre em Letras e Linguística, ambos os títulos obtidos na Universidade Federal da Bahia (UFBA). É também especialista em Língua Portuguesa e graduada em Licenciatura em Letras Vernáculas pela UEFS. Realizou dois estágios de Pós-doutoramento: um em Linguística, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), com bolsa PDJ/CNPq, e outro em Língua Portuguesa, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É conselheira da Associação Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste (GELNE) e membro do GT de Sociolinguística da ANPOLL. É Membro da Comissão Científica, Estratégica e Organizadora, na área de Línguas Ameaçadas, da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN). Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL/ UEFS), de 2016 a 2019, tendo presidido a comissão de elaboração do projeto do curso de doutorado (APCN) do referido Programa. Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos do Contato Linguístico (ABECS), no biênio 2014-2016. Tem experiência na área de Sociolinguística, investigando, principalmente, os seguintes temas: Diversidade linguística no Brasil, contatos linguísticos, e variedades africanas do português. Suas pesquisas estão concentradas na busca de pistas para as origens do português brasileiro, a partir da documentação linguística em comunidades de fala e de prática, no Brasil e em Angola.