Pós-verdade
Participantes
Gabriel do Nascimento Santana
UFPE
Graduado em Letras/Português – Licenciatura, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em Linguística Aplicada a Práticas Discursivas, pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Atualmente, desenvolve pesquisa de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL-UFPE), sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Kazue Saito Monteiro de Barros (UFPE).
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A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS ANTIDEMOCRÁTICOS NO GOVERNO BOLSONARO: ANÁLISE DA FALA DE ABRAHAM WEINTRAUB EM REUNIÃO MINISTERIAL
Este trabalho tem como objetivo central descrever e analisar os mecanismos sociointeracionais empreendidos na fala do ex-ministro da educação Abraham Weintraub durante reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, visando a desvelar em sua fala os modos pelos quais o sujeito desse discurso ratifica uma identidade coletiva de um grupo ideologicamente alinhado ao bolsonarismo. O aparato teórico deste estudo se baseia primordialmente nos conceitos gerais da Sociolinguística Interacional e da Análise da Conversação, tomando como fenômenos centrais a sociocognição como processo retórico-discursivo e as estratégias de (im)polidez como recursos de categorização e identificação cultural. Para a composição dos dados de análise, utilizou-se a transcrição oficial da Justiça Federal e vídeo publicado na íntegra pelo veículo jornalístico UOL. Adotamos uma postura etnometodológica acerca dos dados, voltada para a estruturação da “ação social” nas interações cotidianas (GARFINKEL, 1967). Pretendeu-se, assim, investigar não apenas estruturas linguísticas, mas principalmente o que os participantes estão fazendo na interação e como eles sinalizam textual-discursivamente o que estão fazendo. Concluiu-se que o discurso de Weintraub promove uma anulação da diversidade cultural brasileira e o enfraquecimento das instituições democráticas por meio de estratégias de (im)polidez que constroem um apelo retórico-discursivo e narrativo em torno de uma suposta identidade coletiva bolsonarista.
Palavra-chaves: Governo Bolsonaro. Abraham Weintraub. Análise da interação verbal. Estudos da (im)polidez.
Hélio Oliveira
UNIFEOB
Hélio Oliveira
UNIFEOB
Mestre e Doutor em Linguística pela UNICAMP, com parte da pesquisa desenvolvida na EHESS-Paris, especialista em Gestão da EaD pela UFF-RJ e graduado em Letras pela UNIFEOB-SP. Atualmente, é professor nos cursos de Letras e de Pedagogia da UNIFEOB e pesquisador associado ao grupo Fórmulas e Estereótipos: Teoria e Análise, sediado no IEL/UNICAMP, interessando-se, principalmente, pelo estudo de discursos de ódio e intolerantes, discurso negacionista e pela popularização da ciência.
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O “GABINETE DAS SOMBRAS” E A ASCENSÃO DO DISCURSO NEGACIONISTA NO BRASIL
Este trabalho explora algumas características do discurso negacionista, como seu aparente processo de legitimação e seu enunciador prototípico, a partir da análise de declarações feitas por integrantes do chamado “gabinete das sombras” ou “gabinete paralelo” – uma rede de apoio ao presidente da república e a outros agentes do governo federal, que tem tentado ocupar espaços institucionais durante a pandemia de covid-19. O objetivo principal é entender a natureza do discurso negacionista, sobretudo sua vertente anticientífica, levando em conta a proposta de Maingueneau (2010), no âmbito da Análise do Discurso, sobre a problemática dos discursos tópicos e atópicos: enquanto os primeiros são plenamente aceitos pela sociedade, os segundos são relegados à clandestinidade. Dentre os resultados da análise, identifica-se que o discurso reproduzido pelos membros desse gabinete é marcado por um caráter paradoxal (seus integrantes se apresentam como especialistas e cientistas, mas rejeitam teses e metodologias científicas), além de estratégias argumentativas que obscurecem os sentidos, traços que caracterizam esse discurso como atópico. Em termos de legitimação, embora o negacionismo desfrute de muito espaço e algum poder no contexto brasileiro atual, com graves consequências para o enfrentamento da pandemia no país, há indícios de que ele permanece atópico.
Palavra-chaves: Discurso. Negacionismo. Pandemia. Atopia discursiva.
Mariana Jantsch de Souza
IFSUL
Mariana Jantsch de Souza
IFSUL
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (2011). Pós-Graduada em Direito Público pela Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul(ESMAFE/RS) (2015). Atuou como conciliadora na Justiça Federal, Subseção de Porto Alegre. Graduada em Letras-Português/Espanhol e respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande (2010). Mestre em Letras pela Universidade Federal de Pelotas (2013), com bolsa CAPES. Doutora em Letras pela Universidade Católica de Pelotas, com bolsa PROSUP/CAPES (2017). Desenvolve pesquisas que exploram a interface entre Análise de Discurso e Ciências Jurídicas, especialmente voltadas para a compreensão dos direitos fundamentais e seu funcionamento nas práticas discursivas em
circulação social. Atualmente, é professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), campus Venâncio Aires.Comunicação oralPós-verdade
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VIOLÊNCIA, LINGUAGEM E DIREITO: UMA ANÁLISE DE PRÁTICAS DISCURSIVAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Neste texto, buscamos desenvolver uma discussão teórico-analítica que aproxime o campo dos estudos da linguagem e o campo do Direito. Aprofundamos a relação de nosso dispositivo analítico com os direitos fundamentais, enfatizando a democracia como direito fundamental de quarta dimensão. Para tanto, propomos uma análise de práticas discursivas do Presidente da República, J. Bolsonaro, no contexto da crise sanitária mundial decorrente da Covid-19. O centro das reflexões é a compreensão da relação entre violência materializada na linguagem e Direito, a partir da análise de dizeres que provêm de um lugar institucional de fala fortemente regulado pelo Direito. Indagamos sobre a (im)possibilidade de essas formas de violências instauradas na/pela linguagem circularem socialmente sob o manto da legitimidade jurídica decorrente da posição discursiva da qual provêm. Este olhar teórico-analítico encontra esteio na Teoria do Discurso de M. Pêcheux, Análise de Discurso, sendo realizada uma articulação como campo do Direito, visando compreende a Presidência da República enquanto lugar de poder de especial relevância político-jurídica. Dessa forma, os dizeres do Presidente são analisados em relação aos direitos fundamentais, ao modo como são significados nesse discurso em relação às questões de saúde pública que emergem nessas condições de produção.
Palavra-chaves: Análise de Discurso. Violência na linguagem. Direitos Fundamentais. Presidente da República. Covid-19.
Edjane Gomes de Assis
DLPL/UFPB
Edjane Gomes de Assis
DLPL/UFPB
Edjane Gomes de Assis é Mestre e Doutora em Linguística do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística (DLPL/UFPB). Desenvolve pesquisas em Análise do Discurso com ênfase em textos midiáticos. Semestralmente a pesquisadora coordena projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados para a educação básica e formação do professor.
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QUANDO O RISO É RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A POLÊMICA DE UMA CHARGE
A história do riso está intrinsecamente relacionada com a história da sociedade. Estudado por Bakhtin quando analisa o processo da carnavalização como crítica social, e visto como forma de resistência conforme a perspectiva de Foucault, consideramos o riso como um dispositivo de poder numa dada prática social. Um exemplo de como o riso promove efeitos de sentido, sobretudo no cenário político-midiático, compreendeu uma polêmica surgida no mês de junho de 2020 envolvendo uma charge publicada pelo cartunista Renato Aroeira e compartilhada pelo jornalista Ricardo Noblat em seu blog. A charge traz elementos simbólicos que sugerem uma associação do presidente do Brasil com o nazismo. Após sua publicação, os dois jornalistas tornaram-se réus em um inquérito instaurado pelo ministro da Justiça que os enquadrou na Lei de Segurança Nacional. A repercussão do inquérito atingiu proporções inesperadas. Em apoio ao chargista foi criado um perfil no Instagram denominado, Somos Todos Aroeira, que contou com a replicação de mais de 180 charges. A charge do Aroeira ganhou o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. E as 109 charges continuadas inscritas ganharam o prêmio Destaque Vladimir Herzog. Assim, na esteira de teóricos como Bakhtin, Pêcheux, Foucault, Freud, analisamos o riso como forma de resistência neste acontecimento discursivo. As charges continuadas representam uma relação de entre sujeitos numa dada conjuntura política.
Palavra-chaves: Discurso; Riso; Resistência; Charge.
Mediador(a)
Débora Massmann
UFAL
Débora Massmann
UFAL
Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo. Pós-Doutora em Semântica pela Universidade Estadual de Campinas. Docente do Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).