História da gramática
Participantes
Gissele Chapanski
IEL/UNICAMP
Gissele Chapanski
IEL/UNICAMP
Gissele Chapanski é graduada em Letras pela UFPR, Mestre em Linguística pela mesma Instituição e Doutora pelo Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/UNICAMP. Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: linguagem e memória, história e filosofia da da linguística, retóricas verbais e visuais. Atualmente é professora do Centro Universitário Santa Cruz de Curitiba e diretora do Instituto Serendipe.
Comunicação oralHistória da gramática
Resumo » Gissele Chapanski
ORDENAMENTO DE ITENS LISTADOS COMO UMA FORMA DE METALINGUAGEM: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO VALOR CONCEITUAL DAS ESTRUTURAS DE APRESENTAÇÃO DAS PARTES DA ORAÇÃO NA TRADIÇÃO GRAMATICAL GREGA ANTIGA, A PARTIR DA GRAMÁTICA ATRIBUÍDA A DIONÍSIO TRÁCIO
Coautor: Cindy Mery Gavioli-Prestes
O modelo do manual de gramática atravessa séculos sem mudanças substanciais em diversos de seus aspectos. Dos primeiros gramáticos da antiguidade helênica até a contemporaneidade, elementos como a nomenclatura e mesmo a ordem de apresentação de seções e itens são bastante estáveis nesses materiais. Uma das razões possíveis para isso estaria no emprego de recursos mnemotécnicos (amplamente desenvolvidos na retórica) em sua composição e transmissão. Partindo da Tékhne grammatiké atribuída a Dionísio Trácio, elaboramos uma discussão e uma reflexão acerca da ordem de apresentação dos itens nos manuais de gramática como elemento metalinguístico diretamente vinculado com a mnemotécnica. Isso, por sua vez, seria responsável, tanto pela manutenção e transmissão de sua estrutura, ao longo dos séculos, em diferentes realidades linguísticas, como pela repetição desses conhecimentos gramaticais em um circuito que se revela, por natureza, mais retórico que investigativo. No cenário atual, essa manutenção é responsável, muitas vezes, pela preponderância de noções gramaticais tradicionais sobre as estabelecidas pela ciência linguística. O presente artigo visa oferecer uma leitura histórica para esse fenômeno e, a partir dela, apontar para a necessidade de difusão de um conjunto de noções metalinguísticas mais científico que apenas retórico-mnemotécnico e gramatical.
Palavra-chaves: Tradição gramatical. História do pensamento linguístico. Mnemotécnica.
Jordana Tavares Silveira Lisboa
UEPA
Professora Assistente IV da Universidade do Estado do Pará (UEPA), atuando no Departamento de Língua e Literatura (DLLT), no Campus XI – São Miguel do Guamá, e Professora Classe III da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC – PA), lecionando na E.E.E.F.M. Marcos Nunes. Graduada em Letras – Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (2005), Mestre em Letras (Área de concentração em linguística) pela Universidade Federal do Pará (2009), e Doutora em Letras (Área: Filologia e Língua Portuguesa) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2020). É membro do Grupo de Estudos Gramáticas: história, descrição e discurso (USP-CNPq), com a linha de pesquisa Estudo da história das ideias linguísticas presentes em gramáticas portuguesas e brasileiras.
Comunicação oralHistória da gramática
Resumo » Jordana Tavares Silveira Lisboa
O VERBO: UM ESTUDO DAS IDEIAS DE BARBOSA (1822)
O trabalho aborda o conceito de verbo na Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza (1822), de Jerônimo Soares Barbosa (1737-1816). O objetivo é examinar, interpretar e explicar o conceito de verbo, considerando as semelhanças e diferenças na abordagem da classificação entre a Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza (1822), de Barbosa, a Grammatica philosophica (1783), de Bernardo de Lima e Melo Bacellar (1736-1787), e a Gramatica Portugueza (1804), de Manuel Dias de Souza (1753-1827), a fim de observar se houve mudanças do conhecimento dessa categoria, tendo em vista as obras anteriores à Grammatica Philosophica de Barbosa, no contexto da gramaticografia portuguesa. Com base em pressupostos da História das Ideias Linguísticas, segundo Auroux (1998, 2009) e Colombat, Fournier e Puech (2017), essas três obras são estudadas como instrumento linguístico, que registram o saber metalinguístico de certa época, por meio da descrição de um corpo de regras que não se restringe a um único falante. Assim, é abordado o significado de verbo para Bacellar, Souza e Barbosa, destacando a definição por meio de análise descritiva e interpretativa. Concluímos que há mudanças do conhecimento dessa categoria, tendo em vista as obras anteriores à Grammatica Philosophica de Barbosa, no contexto da gramaticografia portuguesa, porquanto Barbosa (1822) construiu seu conceito de verbo com base na teoria das gramáticas gerais, defendida pelos autores que compuseram seu horizonte de retrospecção.
Palavra-chaves: Horizonte de retrospecção. Gramática filosófica. Verbo.
- Comunicação oral
História da gramática
Resumo » Marcelo Rocha Barros Gonçalves
SOBRE A LINGUÍSTICA POPULAR DE MÁRIO DE ANDRADE
Neste trabalho vamos apresentar um breve panorama dos estudos em Linguística Popular/Folk Linguistics (NIEDZIELSKI; PRESTON, 2003), sua metodologia e diferentes abordagens para o estudo dos comentários sobre a linguagem feitos por não especialistas (PAVEAU, 2020). Para discussão e análise das práticas linguísticas (como elas podem ser categorizadas, como elas podem ser utilizadas,…) utilizamos aqui o texto A Gramatiquinha da Fala Brasileira de Mario da Andrade (PINTO, 1990). Nossa investigação pretende verificar como estas práticas linguísticas espontâneas (descritivistas, normativistas, intervencionistas e militantes) são realizadas por Mario de Andrade.
Palavra-chaves: Linguística Popular; Práticas linguísticas; Mario de Andrade.
Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos
PUC-SP
Titular do Departamento de Ciências da Linguagem e Filosofia da PUC-SP e do Centro de Comunicação e Letras da UPM. Pós-doutora pela UP-Portugal. Coordenadora acadêmico-administrativa do IP-PUC-SP. Líder do Grupo de Pesquisa Historiografia da Língua Portuguesa, certificado pelo CNPq, na PUC-SP. Vice-Coordenadora do NEL-UPM. Membro Comissão Historiografia Linguística na ABRALIN. Consultora e parecerista ad hoc de órgãos de fomento. Atuação na área de Letras e Linguística. Autora de artigos, de capítulos e de livros.
Comunicação oralHistória da gramática
Resumo » Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos
UM PERCURSO TRANSCORRIDO NA HISTORIOGRAFIA DA LINGUÍSTICA: SOBRE A HISTÓRIA ENTRELAÇADA
Coautora: Nancy dos Santos Casagrande
Objetivamos traçar o percurso transcorrido no Grupo de Pesquisas de Historiografia da Língua Portuguesa (GPeHLP/IPPUCSP), durante o período de 2004 a 2020, com foco no entrelaçamento da linguística com o ensino de língua materna nos últimos dezesseis anos, salientando que o Grupo se constituiu em 1996, com o estímulo da Profª Drª Cristina Altman, introdutora da Historiografia no Brasil, que, na época, era a Coordenadora do GT Historiografia da Linguística Brasileira na ANPOLL. Procuramos sintetizar, desde o primeiro volume de 2004, os itens que foram sendo lapidados e nos guiaram na elaboração de todos os volumes até o de 2020, História entrelaçada 9: Língua Portuguesa na década de 1990: Linguística, Gramática, Redação e Educação, em que apontamos as linhas gerais de nosso trabalho, deixando pistas para o próximo livro que está em elaboração para ser publicado em 2022.
Palavra-chaves: Historiografia linguística. História Entrelaçada. Ensino de Língua Portuguesa.
Ricardo Joseh Lima
UERJ
Comunicação oralHistória da gramática
Resumo » Ricardo Joseh Lima
ROTACISMO NO “BOOSCO DELEITOSO”: (DES?)CAMINHOS PARA SUA DATAÇÃO
A obra “Boosco Deleitoso” apresenta diversos desafios para estudiosos do período dito “arcaico” da língua portuguesa. O mais aparente é o da datação de sua escrita. Quando se compara o ano de sua impressão, 1515, com as marcas linguísticas do texto, diversos autores, como Vasconcelos (1956) e Carvalho (2002) assinalam o “Boosco Deleitoso” como pertencentes a um período linguístico muito anterior. Em aberto se encontra uma datação mais precisa do que o final do século XIV ou começo do XV, como ambos autores encaminham. Neste artigo, escolhemos o fenômeno do rotacismo para procurar obter mais informações a respeito da época de sua escrita. Conforme será visto, as altas taxas de incidência desse fenômeno no “Boosco Deleitoso” trazem informações importantes quando são comparadas com as obtidas em obras como “A visão de Túndalo” e o “Orto do Esposo”. Para tanto, utilizaremos uma edição semidiplomática que realizamos e estará disponível de modo aberto para a comunidade acadêmica. A oposição entre o que encontramos na obra em foco, por um lado, e nas duas comparadas, por outro, permite traçar linhas temporais mais precisas sobre quando provavelmente o “Boosco Deleitoso” não foi escrito. Análises qualitativas das taxas de rotacismo levantam dúvidas sobre o processo de composição da versão impressa, indicando (des)caminhos para uma compreensão mais adequada sobre uma datação mais precisa do “Boosco Deleitoso” quando se consideram outros fenômenos linguísticos como parâmetros.
Palavra-chaves: Português Arcaico. Periodização. Rotacismo.
Mediador(a)
Jocenilson Ribeiro
UFS
Doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com estágio na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Faz pesquisas a partir do diálogo teórico entre Análise do discurso e História das Ideias e dos saberes sobre línguas e linguagens. Professor Adjunto no Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe (UFS).