Políticas linguísticas
Participantes
Isadora Machado
UFBA
Isadora Machado
UFBA
Linguista. Professora no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia [ILUFBA]. Coordenadora da GrupA [Grupo de Práticas em Semântica e Discurso]. Doutora em Linguística [UNICAMP]. Investiga processos de significação na modernidade colonial-capitalista, com particular atenção às epistemologias terceiro-mundistas que pensam enunciação e discurso.
Comunicação oralPolíticas linguísticas
Resumo » Isadora Machado
EL GRAN LIBRO DE LA SANTERIA: DOBRAS PÓS-COLONIAIS PARA UMA TRADUÇÃO ENUNCIATIVA
Apresentamos os resultados iniciais de nossa pesquisa de pós-doutorado, supervisionada pelo Prof. Dr. Eduardo Guimarães (IEL/UNICAMP), que constrói uma proposta de tradução desde uma perspectiva enunciativa e pós-colonial, a fim de traduzir a obra “El gran libro de la Santeria: la Regla de Osha-Ifa”, escrita pelos sacerdotes Ifalade Olowo e Oshun Bomire. Propomos, para este fim, uma interlocução entre a Semântica Histórica da Enunciação, a História das Ideias Linguísticas e os Estudos Pós-Coloniais de Tradução. Compreendemos a tradução como reescrituração e propomos um modo de cartografar os espaços de enunciaçãos e as cenas enunciativas, de acordo com a reflexão de Guimarães (2005; 2009; 2018) que possa ser ferramental para o processo tradutório. Nossas conclusões aliam os conceitos de reescrituração, cena enunciativa e espaço de enunciação ao conceito deleuziano de dobra. A cartografia dos espaços de enunciação e das cenas enunciativas, que propomos como um mapa possível para traduções pós-coloniais enunciativamente orientadas, nos leva a escolhas tradutórias que consideram as relações de poder entre as línguas e, assim, nos permitem escolhas contra-coloniais.
Palavra-chaves: História das ideias linguísticas. Enunciação. Tradução. Regla de osha-ifa. Pós-colonialidade.
- Comunicação oral
Políticas linguísticas
Resumo » Luiz Felipe Andrade Silva
COLONIALIDADE E LEITURA: A FORMAÇÃO DA LEITURA DO BRASIL
O presente trabalho parte de uma reflexão acerca da noção de “crise da leitura”, logo no surgimento dos estudos da leitura e da teoria da recepção no Brasil. Observando a questão a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso materialista, buscamos cartografar alguns pressupostos teóricos e caminhos que nos permitam abarcar a leitura no/do Brasil. Primeiramente, visamos traçar relações que permitam um giro decolonial dentro dos estudos discursivos materialistas e observar como essas podem colaborar para a compreensão da leitura, tomada como uma prática histórica, e as condições de produção referidas à formação social brasileira. Discute-se a noção de leitura que fundamenta a ideia de crise, a partir do embate entre a perspectiva colonial capitalista, euro-falogocêntrica, e as escritas dos colonizados. Por fim, traçam-se questões acerca de futuros desdobramentos da pesquisa, levando em consideração a religiosidade como um elemento sobredeterminante para a compreensão do fenômeno da leitura e suas relações com a escola.
Palavra-chaves: Leitura. Colonialidade. Discurso. Crise. Capitalismo.
Rosana da Silva Berg
UNISUAM
Comunicação oralPolíticas linguísticas
Resumo » Rosana da Silva Berg
IMPACTO DAS DECLARAÇÕES DE NOVA DELHI, JOMTIEN, DAKAR E INCHEON NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO
Coautor: Sebastião Josué Votre
Documentos internacionais que traçam metas para a educação de países em desenvolvimento são conhecidos como declarações. Essas declarações são documentos fundadores e têm impacto na educação, como fontes de propostas e como recursos práticos de ação. Neste trabalho, fazemos breve relato cronológico, apresentamos e analisamos cinco documentos: Jomtien e Nova Delhi, LDB 9394/96 e, posteriormente, Dakar e Incheon. Para isso, adotamos a metodologia da análise de conteúdo de Bardin (2011). O referencial teórico apoia-se em Votre (2019) para análise do discurso e Oliveira (2015) para políticas linguísticas. Os primeiros resultados das análises manifestam que o objetivo dos documentos é orientar as políticas públicas para educação dos países em desenvolvimento, a fim de executar o projeto de educação para todos estabelecido em Jomtien que foi se desdobrando ao longo dos anos até chegar a Incheon que orienta que a educação não pode deixar ninguém pra trás. A análise leva também a um exercício de autocrítica responsável, para os profissionais da linguagem que atuam com educação, no quadro brasileiro, uma vez que da leitura e releitura das declarações, emerge uma nova preocupação, relativa ao silenciamento e à proibição de uso das línguas de grupos minoritários, bem como de imigrantes, que são alijados de sua cultura, a pretexto de integração na cultura monolíngue dos países em que vivem.
Palavra-chaves: políticas públicas, políticas linguísticas, documentos fundadores, análise do discurso
Érika de Moraes
UNESP
Érika de Moraes
UNESP
Docente na Universidade Estadual Paulista – UNESP, Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC), Câmpus de Bauru; credenciada no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos do IBILCE-UNESP, Campus de São José do Rio Preto. Doutora em Linguística pela UNICAMP, com pós-doutoramento pela Université Paris-Sorbonne.
Comunicação oralPolíticas linguísticas
Resumo » Érika de Moraes
“VERDADE” E SUCESSO: O UTILITARISMO ECONÔMICO COMO UM DISCURSO EM EMBATE COM A EDUCAÇÃO E A CIÊNCIA
Os discursos constituintes, a exemplo do religioso e do filosófico, são aqueles que se autolegitimam, apoiando-se em “sua própria verdade”, enquanto outros discursos, caso do jornalístico, buscam fundamentar seus argumentos em outras fontes legitimadoras. Na con-temporaneidade, o discurso econômico parece se elevar a um grau máximo de discurso constituinte, conforme mostram as “fórmulas de sucesso” que circulam na prática discursiva. Neste trabalho, apresentamos uma discussão teórica a respeito dos discursos constituintes e da noção de “verdade”, à luz de alguns dados, com objetivo de, por um lado, refletir sobre a emergência do discurso econômico como o principal constituinte da atualidade e, por outro, ampliar as discussões sobre o funcionamento material desse discurso em um recorte de corpus de mídias digitais. Os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa embasam nosso trabalho, no qual mobilizamos: a concepção teórica sobre os discursos constituintes, conforme o quadro proposto por Maingueneau; a reflexão sobre “verdade” e “subjetividade”, com fundamentação na psicanálise lacaniana. Entendemos que a soberania do discurso econômico desempenha papel determinante na reprodução do negacionismo histórico-científico, uma vez que, entre outros fatores, justifica políticas centradas mais na economia do que na educação e na ciência.
Palavra-chaves: Discurso constituinte. Verdade. Economia. Educação.
Mediador(a)
Eliane Vitorino de Moura Oliveira
UFAL
Docente na Universidade Federal de Alagoas, no Curso de Letras – Língua Portuguesa/Campus Arapiraca. Doutora e Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL) com pesquisa na área de Sociolinguística Educacional. Especialista em Língua Portuguesa pela UEL, com capacitação em Ensino de Português Língua Estrangeira pela Universidade de Coimbra. Minhas pesquisas se voltam para o ensino e a aprendizagem de Português, Língua Materna e Língua Estrangeira (PLE), pelo olhar da Sociolinguística Educacional e da Linguística Aplicada. Participo dos projetos de pesquisa: GEDEALL – Discurso, Ensino e Aprendizagem de Línguas e Literaturas – FALE/UFAL; DALLT – Descrição e análise linguística, literatura e texto – UFAL Arapiraca; VALEN – Variação linguística e ensino – UEL Londrina. Lecionei no Curso de Pedagogia EaD-UFAL (2018/2019). Atuei como Leitora do Brasil na Universidade de São Tomé e Príncipe entre 2014 e 2017. Atualmente, sou Coordenadora Pedagógica de Português na Rede Andifes-Idioma sem Fronteiras/FALE/UFAL. Pós-doutorado em andamento na UFAL, com pesquisa sobre Português Língua Estrangeira.